Germinal foi um romance escrito por Emile Zola, e retrata o inicio do processo de movimentos grevistas ocorridos pelos trabalhadores de carvão do século XIX. Essa obra descreve bem o clima que estava ocorrendo na Europa nesse momentos, cheia de idéias que tinham como objetivo melhorar as condições de vida da classe trabalhadora. Esse momento fervilha de ideias politicas e sociais que ajudam a entender o nosso mundo. Esse filme é baseado na obra O Germinal e ilustra as lutas daquele momento histórico.
Filme: Germinal. Direção: Claude Berri. França, 1993. 158 min. 10 anos. Baseado no romance de Émile Zola, trata de um movimento grevista entre trabalhadores carvoeiros na França, com base nas ideias do socialismo.
Resenha do Filme Germinal
O filme germinal caracteriza perfeitamente o
processo de produção do trabalho do modelo capitalista, a expansão do chamado
capital, mostrando assim de uma forma bem clara os opostos entre as
necessidades humanas e as materiais. O filme se passa na França do século XIX e
transmite muito bem aquele determinado momento histórico e seu contexto social,
econômico e político e é claro cultural e para obtermos uma análise
satisfatória se torna necessário o conhecimento dos antecedentes da revolução
industrial presentes nele.o filme é baseado no romance de Émile Édouard Charles
Antoine Zola.
No inicio do filme um dos
personagens não me lembro o nome ao certo, talvez o personagem de maior
expressão devido ao seu espírito contestador e revolucionário, esta desempregado
e chega até a companhia de mineração a fim de conseguir empregar-se, se depara
com um outro senhor o qual é pai do personagem de Gerard D’epardieu, que na
verdade não é tão senhor assim, mais devido as condições de vida as quais foi
exposto desde os 8 anos de idade trabalhando na mina possui uma saúde bastante
debilitada, pode-se observar isso pela sua tosse constante e pela visível
intoxicação, toda a sua família trabalha também na mesma mina; o personagem
recém-chegado a procura de emprego se choca com as dificuldades das condições
de trabalho, constituída de pura exploração e pobreza, o personagem de Gerard
D’epardieu por ser um funcionário mais antigo e respeitado consegue
arranjar-lhe uma vaga devido a morte de uma outra companheira de trabalho.
Todos os membros das famílias
trabalham, desde crianças até os mais idosos, porque precisam dos míseros
salários para assim juntos conseguirem a subsistência de todos, sendo assim
necessário quando acontece uma morte substituírem rapidamente o membro perdido no
trabalho, pois, mesmo sendo uma só renda perdida reflete-se no sustento de
todos os outros.Só os bem pequeninos não trabalham.a pobreza dos personagens é
evidente, a situação que vivem é quase calamitosa, a cozinha não tem nada de
comer, as crianças pedem comida, pão, a água causava-lhes cólicas devido às
condições precárias as quais era armazenada.
A mina aparenta ser bem profunda,
tipo mais de quatrocentos metros, os carros dela descem com cinco operários, as
condições de trabalho são de enojar, vivem em regime de exploração constante,
as mulheres ficam desesperadas por não terem o que dar de comer as crianças, e
se endividam com um comerciante inescrupuloso e espertalhão, este nem sempre
esta disposto a permitir crédito, devido o pagamento frequentemente estar
atrasado, mas costuma aceitar favores sexuais em troca de comida, as mães
desesperadas com a fome aceitam tal aproveitamento cedendo suas filhas ou a
elas mesmas ao promíscuo e depravado comerciante.
Aparentemente, a região possui 13
minas, as quais não se conhecia os seus donos, estes não estavam preocupados
com o que acontecia aos operários, e sim com a economia, com a política
afetando seus lucros, e com as eclosão de greves demonstrando a lógica
capitalista da acumulação. O personagem de D’epardieu foi multado por não ter
escorado perfeitamente um possível desabamento, mesmo não tendo sido
proporcionado a ele condições satisfatórias para um trabalho bem feito.Além de
terem sido multados devido ao escoramento mal feito, os salários haviam sido diminuídos
devido à suspensão dos pedidos de ferro para exportação e essa situação é
repassada injustamente aos trabalhadores.O trabalhador recém chegado estimula
os outros a começarem um fundo de reserva a fim de iniciarem uma greve
reivindicando aumento de salários e melhores condições, cada um dando uma
determinada contribuição para isso, e encorajam-se a iniciar a greve.Eles
tentam falar sobre as suas reivindicações com o diretor geral da mina, não
obtendo sucesso, pois este arruma várias desculpas para justiçar a permanência
do funcionamento delas (as minas) pondo as companhias como se estivessem na
mesma situação de precariedade dos seus trabalhadores a partir da exposição das
situações de “quebra” delas, desejando que eles culpem os fatos e a conjuntura
econômica pelas suas situações. Pode-se observar o contraste de situações,
entre patrões (donos dos meios de produção) e empregados
(trabalhadores-mercadoria) a partir de um jantar de noivado que acontece no
decorrer do filme na família de um dos donos, comida farta, alegria e tranquilidade,
nota-se também que o noivado é quase como um negócio, pois é baseado no
interesse de fusão de capitais, além das relações de interesse mantidas entre
os “burgueses” até entre seus familiares, pois a esposa do dono da mina mantêm
um caso extraconjugal com o sobrinho de seu marido.
A situação se agrava, pois a
companhia contrata trabalhadores da Bélgica e ameaça despedi-los caso a greve
permaneça, alguns trabalhadores temerosos e famintos querem retornar ao
trabalho outros tão engajados preferem morrer a abandonar a causa.Daí os
grevistas vão até as minas em funcionamento, as destroem, as inutilizam
temporariamente com a paralisação de elevadores, bombas etc., além de agredirem
os que permaneceram trabalhando, gerando conflitos seguidos, o que causa a
necessidade para os proprietários das minas de segurança, acabam ocorrendo
mortes, as mulheres também se revoltam com a situação e a mais estimulada com a
causa é a esposa do personagem de Gerard D’epardieu, vão até a mercearia do
aproveitador e a saqueiam, este desesperado foge para o telhado e acaba caindo,
não satisfeita, uma das mulheres que havia sido humilhada por ele e tomado de
fúria e desespero, o mutila demonstrando muito bem a revolta contida no
interior dessas pessoas, estes conflitos também causam a morte do personagem de
Gerard, pela escolta da mina a qual eles desejavam paralisar também.
A partir destas passagens do
filme posso concluir, que para a compreensão do filme é necessária uma analise
das relações de trabalho, isto é, a miséria a que eram expostos, a relação
deles com as máquinas, a relação entre capitalistas e operários, o surgimento
de greves e do sindicalismo, anarquismo e socialismo. Essas questões sociais
são etapas históricas, na França nessa época, no inicio da revolução
industrial, muitas pessoas viviam do trabalho manual, como nos demais países
europeus, estavam ainda ligadas as formas de produção anteriores, e foram
obrigadas a habituar-se com as novas condições, estando também assim presos aos
donos dos meios de produção, tendo assim que vender a sua força de trabalho,
para conseguirem sobreviver, isto é, o trabalho vira mercadoria; devido aos
chamados acercamentos e de outros fatores os trabalhadores migraram para os
centros onde se expandiam as industrias afim de conseguirem se empregar, sendo
que, com o decorrer desta situação o que era escasso, a mão-de-obra, se tornou
excedente daí a desvalorização do trabalho que expunha os trabalhadores as
condições mostradas no filme de precariedade e salários inaceitáveis com cargas
horárias desgastantes de 16 horas ou mais diárias,causando a necessidade do
trabalho do trabalho infantil para as famílias conseguirem sobreviver, vale a
pena lembrar que mesmo estando expostos a possíveis acidentes de trabalho, os
trabalhadores não recebiam seguro e
não recebiam se ficassem sem trabalhar devido a estes, além de também não
receberem quaisquer tipo de benefícios, este sistema fabril apareceu para
“organizar” o processo de trabalho, isto é organizar em partes, apenas para
garantir a dominação do capital sobre o trabalho, organizando um controle
social.O novo processo de produção utilizando as maquinas, foi em cheio na
organização familiar operária em respeito econômico, a necessidade de manter
operários ao redor das maquinas criou a situação de ter que “sair para o
trabalho”, homens mulheres e crianças inclusive e ainda se tornavam mais presos
ainda a seus patrões pelo fato de suas casas pertencerem a eles, como no caso
do filme. A revolução industrial foi um processo construído com o tempo, ainda
no século XVI já haviam empresas capitalistas promovendo o comercio europeu
mundialmente, ocasionando a revolução comercial, que se segue da primeira fase
da revolução industrial em meados do século XVIII segue até o século XX,
pode-se ver de forma explicita no filme o inicio das revoltas populares, pois
desde o início do capitalismo, da sua implantação lá no século das grandes
navegações, do capitalismo comercial, ele dá origem a profundas contradições e
injustiças, marcadas pela forma de como era explorada brutalmente a mão de obra
operaria inclusive infantil sem oferecer direitos, o que com certeza fez
eclodir a partir dos mais conscientizados as tensões sociais, sistemas
sócio-economico-politicos alternativos, a organização de sindicatos e etc,
esses foram acontecimentos mostrados no filme, muito bem expressos em questões
cronográficas pois mostra muito bem o inicio das revoltas na França que estavam
se expandindo pela Europa durante o mesmo período, e a disseminação dessas ideias
comunistas, sindicalistas, socialistas pelo mundo, nem sempre bem aceitas pelo
próprio proletariado temeroso com as suas consequências, como no caso do marido
da filha do personagem de Gerard que quando consegue uma melhor colocação na
companhia abandona a causa, bom como Marx disse: “era necessário uma consciência
de classe para o início de uma real revolução por parte do proletariado.”
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