"Este Blog estimula os valores estéticos, políticos e éticos...servindo como mediador, para aprender a conhecer, tendo como base que qualifica o fazer, o conviver e o ser, numa educação que prepara o indivíduo para os desafios futuros, de forma crítica, consciente e racional, em um mundo em constante e acelerada transformação."
Esta Situação de Aprendizagem tem como objetivo encaminhar as reflexões, sobre as tensões sociopolíticas características do capitalismo da segunda metade do século XIX, período em que as ideias socialistas, comunistas e anarquistas estiveram em discussão nas associações de trabalhadores. Germinal foi um romance escrito por Emile Zola, e retrata o inicio do processo de movimentos grevistas ocorridos pelos trabalhadores de carvão do século XIX. Essa obra descreve bem o clima que estava ocorrendo na Europa nesse momentos, cheia de idéias que tinham como objetivo melhorar as condições de vida da classe trabalhadora. Esse momento fervilha de ideias politicas e sociais que ajudam a entender o nosso mundo. Esse filme é baseado na obra O Germinal e ilustra as lutas daquele momento histórico.
Filme: Germinal. Direção: Claude Berri. França, 1993. 158 min. 10 anos. Baseado no romance de Émile Zola, trata de um movimento grevista entre trabalhadores carvoeiros na França, com base nas ideias do socialismo.
Resenha do Filme Germinal
O filme germinal caracteriza perfeitamente o
processo de produção do trabalho do modelo capitalista, a expansão do chamado
capital, mostrando assim de uma forma bem clara os opostos entre as
necessidades humanas e as materiais. O filme se passa na França do século XIX e
transmite muito bem aquele determinado momento histórico e seu contexto social,
econômico e político e é claro cultural e para obtermos uma análise
satisfatória se torna necessário o conhecimento dos antecedentes da revolução
industrial presentes nele.o filme é baseado no romance de Émile Édouard Charles
Antoine Zola.
No inicio do filme um dos
personagens não me lembro o nome ao certo, talvez o personagem de maior
expressão devido ao seu espírito contestador e revolucionário, esta desempregado
e chega até a companhia de mineração a fim de conseguir empregar-se, se depara
com um outro senhor o qual é pai do personagem de Gerard D’epardieu, que na
verdade não é tão senhor assim, mais devido as condições de vida as quais foi
exposto desde os 8 anos de idade trabalhando na mina possui uma saúde bastante
debilitada, pode-se observar isso pela sua tosse constante e pela visível
intoxicação, toda a sua família trabalha também na mesma mina; o personagem
recém-chegado a procura de emprego se choca com as dificuldades das condições
de trabalho, constituída de pura exploração e pobreza, o personagem de Gerard
D’epardieu por ser um funcionário mais antigo e respeitado consegue
arranjar-lhe uma vaga devido a morte de uma outra companheira de trabalho.
Todos os membros das famílias
trabalham, desde crianças até os mais idosos, porque precisam dos míseros
salários para assim juntos conseguirem a subsistência de todos, sendo assim
necessário quando acontece uma morte substituírem rapidamente o membro perdido no
trabalho, pois, mesmo sendo uma só renda perdida reflete-se no sustento de
todos os outros.Só os bem pequeninos não trabalham.a pobreza dos personagens é
evidente, a situação que vivem é quase calamitosa, a cozinha não tem nada de
comer, as crianças pedem comida, pão, a água causava-lhes cólicas devido às
condições precárias as quais era armazenada.
A mina aparenta ser bem profunda,
tipo mais de quatrocentos metros, os carros dela descem com cinco operários, as
condições de trabalho são de enojar, vivem em regime de exploração constante,
as mulheres ficam desesperadas por não terem o que dar de comer as crianças, e
se endividam com um comerciante inescrupuloso e espertalhão, este nem sempre
esta disposto a permitir crédito, devido o pagamento frequentemente estar
atrasado, mas costuma aceitar favores sexuais em troca de comida, as mães
desesperadas com a fome aceitam tal aproveitamento cedendo suas filhas ou a
elas mesmas ao promíscuo e depravado comerciante.
Aparentemente, a região possui 13
minas, as quais não se conhecia os seus donos, estes não estavam preocupados
com o que acontecia aos operários, e sim com a economia, com a política
afetando seus lucros, e com as eclosão de greves demonstrando a lógica
capitalista da acumulação. O personagem de D’epardieu foi multado por não ter
escorado perfeitamente um possível desabamento, mesmo não tendo sido
proporcionado a ele condições satisfatórias para um trabalho bem feito.Além de
terem sido multados devido ao escoramento mal feito, os salários haviam sido diminuídos
devido à suspensão dos pedidos de ferro para exportação e essa situação é
repassada injustamente aos trabalhadores.O trabalhador recém chegado estimula
os outros a começarem um fundo de reserva a fim de iniciarem uma greve
reivindicando aumento de salários e melhores condições, cada um dando uma
determinada contribuição para isso, e encorajam-se a iniciar a greve.Eles
tentam falar sobre as suas reivindicações com o diretor geral da mina, não
obtendo sucesso, pois este arruma várias desculpas para justiçar a permanência
do funcionamento delas (as minas) pondo as companhias como se estivessem na
mesma situação de precariedade dos seus trabalhadores a partir da exposição das
situações de “quebra” delas, desejando que eles culpem os fatos e a conjuntura
econômica pelas suas situações. Pode-se observar o contraste de situações,
entre patrões (donos dos meios de produção) e empregados
(trabalhadores-mercadoria) a partir de um jantar de noivado que acontece no
decorrer do filme na família de um dos donos, comida farta, alegria e tranquilidade,
nota-se também que o noivado é quase como um negócio, pois é baseado no
interesse de fusão de capitais, além das relações de interesse mantidas entre
os “burgueses” até entre seus familiares, pois a esposa do dono da mina mantêm
um caso extraconjugal com o sobrinho de seu marido.
A situação se agrava, pois a
companhia contrata trabalhadores da Bélgica e ameaça despedi-los caso a greve
permaneça, alguns trabalhadores temerosos e famintos querem retornar ao
trabalho outros tão engajados preferem morrer a abandonar a causa.Daí os
grevistas vão até as minas em funcionamento, as destroem, as inutilizam
temporariamente com a paralisação de elevadores, bombas etc., além de agredirem
os que permaneceram trabalhando, gerando conflitos seguidos, o que causa a
necessidade para os proprietários das minas de segurança, acabam ocorrendo
mortes, as mulheres também se revoltam com a situação e a mais estimulada com a
causa é a esposa do personagem de Gerard D’epardieu, vão até a mercearia do
aproveitador e a saqueiam, este desesperado foge para o telhado e acaba caindo,
não satisfeita, uma das mulheres que havia sido humilhada por ele e tomado de
fúria e desespero, o mutila demonstrando muito bem a revolta contida no
interior dessas pessoas, estes conflitos também causam a morte do personagem de
Gerard, pela escolta da mina a qual eles desejavam paralisar também.
A partir destas passagens do
filme posso concluir, que para a compreensão do filme é necessária uma analise
das relações de trabalho, isto é, a miséria a que eram expostos, a relação
deles com as máquinas, a relação entre capitalistas e operários, o surgimento
de greves e do sindicalismo, anarquismo e socialismo. Essas questões sociais
são etapas históricas, na França nessa época, no inicio da revolução
industrial, muitas pessoas viviam do trabalho manual, como nos demais países
europeus, estavam ainda ligadas as formas de produção anteriores, e foram
obrigadas a habituar-se com as novas condições, estando também assim presos aos
donos dos meios de produção, tendo assim que vender a sua força de trabalho,
para conseguirem sobreviver, isto é, o trabalho vira mercadoria; devido aos
chamados acercamentos e de outros fatores os trabalhadores migraram para os
centros onde se expandiam as industrias afim de conseguirem se empregar, sendo
que, com o decorrer desta situação o que era escasso, a mão-de-obra, se tornou
excedente daí a desvalorização do trabalho que expunha os trabalhadores as
condições mostradas no filme de precariedade e salários inaceitáveis com cargas
horárias desgastantes de 16 horas ou mais diárias,causando a necessidade do
trabalho do trabalho infantil para as famílias conseguirem sobreviver, vale a
pena lembrar que mesmo estando expostos a possíveis acidentes de trabalho, os
trabalhadores não recebiam seguro e
não recebiam se ficassem sem trabalhar devido a estes, além de também não
receberem quaisquer tipo de benefícios, este sistema fabril apareceu para
“organizar” o processo de trabalho, isto é organizar em partes, apenas para
garantir a dominação do capital sobre o trabalho, organizando um controle
social.O novo processo de produção utilizando as maquinas, foi em cheio na
organização familiar operária em respeito econômico, a necessidade de manter
operários ao redor das maquinas criou a situação de ter que “sair para o
trabalho”, homens mulheres e crianças inclusive e ainda se tornavam mais presos
ainda a seus patrões pelo fato de suas casas pertencerem a eles, como no caso
do filme. A revolução industrial foi um processo construído com o tempo, ainda
no século XVI já haviam empresas capitalistas promovendo o comercio europeu
mundialmente, ocasionando a revolução comercial, que se segue da primeira fase
da revolução industrial em meados do século XVIII segue até o século XX,
pode-se ver de forma explicita no filme o inicio das revoltas populares, pois
desde o início do capitalismo, da sua implantação lá no século das grandes
navegações, do capitalismo comercial, ele dá origem a profundas contradições e
injustiças, marcadas pela forma de como era explorada brutalmente a mão de obra
operaria inclusive infantil sem oferecer direitos, o que com certeza fez
eclodir a partir dos mais conscientizados as tensões sociais, sistemas
sócio-economico-politicos alternativos, a organização de sindicatos e etc,
esses foram acontecimentos mostrados no filme, muito bem expressos em questões
cronográficas pois mostra muito bem o inicio das revoltas na França que estavam
se expandindo pela Europa durante o mesmo período, e a disseminação dessas ideias
comunistas, sindicalistas, socialistas pelo mundo, nem sempre bem aceitas pelo
próprio proletariado temeroso com as suas consequências, como no caso do marido
da filha do personagem de Gerard que quando consegue uma melhor colocação na
companhia abandona a causa, bom como Marx disse: “era necessário uma consciência
de classe para o início de uma real revolução por parte do proletariado.”
INTRODUÇÃO
À FILOSOFIA DA RELIGIÃO –DEUS E A RAZÃO
E.E. "OSWALDO CRUZ-CRUZEIRO/SP
Immanuel Kant (1724 - 1804) foi um filósofo alemão,
considerado um dos maiores da história e dos mais influentes no ocidente.para Kant, o espírito ou
razão modelava e coordenava as sensações, sendo as impressões dos sentidos
externos apenas matéria prima para o conhecimento. Kant negava que existia uma
verdade última ou a natureza íntima das coisas. Por isso, propôs uma espécie de
código de conduta humano, surgindo daí, idéias para outra obra famosa, o seulivroA crítica da Razão Prática, que
funcionaria como leis éticas que regeriam os seres humanos. A estas leis, deu o
nome de Imperativo Categórico.De acordo com Kant, as provas da existência de
Deus poderiam ser demonstradas dos pontos de vista ontológico (sobre o ser real
de Deus), cosmológico (sobre a existência necessária e real de Deus) e
físico-teológico (sobre o universo como resultante de um plano de um ser
criador. Para kant, essas três provas , não podem ser demonstradas pela razão
humana, porque temos a ideia de Deus, e não evidências sensíveis sobre seu ser,
sua realidade e seu planejamento do mundo. Dentro da Uniformidade e diferença (O espírito das leis de Mostesquieu),
observando a nossa sociedade, o que é preciso uniformizar e o que é preciso
manter e respeitar quando se trata de diferenças culturais, pois com base nas
reflexões sobre o cotidiano, diferenças culturais que não ferem a ética de
solidariedade entre as pessoas e que não representam atos de violência contra a
natureza e os outros homens devem ser respeitados e mantidos. Kant afirma que
não podemos chegar à certeza da existência ou da não existência de Deus com
base na razão, segundo o pensamento do
filósofo. O homem é um ser que pensa por meio de categorias limitadas. Qualquer
ser que esteja fora dessas categorias não é passível de ser conhecido pelo
homem. Deus estaria fora e além dessas categorias, por isso não poderíamos
provar a sua existência. Quando vemos
uma grande obra, pensamos que algo ou alguém a construiu. No entanto, apenas
podemos supor isso. A prova da existência de Deus, que se refere à causa
inicial, não pode ser uma prova; ela é a suposição de que algo ou alguém fez o
mundo. Uma suposição não é uma prova. Para Kant, a razão pura não prova a
existência de Deus. Para pensar a realidade, precisamos de uma razão que se
fundamenta na experiência, ou seja, a razão prática. A razão prática considera
que, para conseguirmos objetivos, é preciso encontrar o melhor caminho. O
melhor caminho torna-se o dever; assim, o dever é bom. Mas o dever também é um
ideal, ou seja, ele existe na realidade e fora dela. O ideal máximo é Deus, que
já é aquilo que se deve ser e, por isso, existe.
Deus
como causa do mundo -Para Platão, não
existe apenas um deus criador de
tudo, mas existe um responsável pela
organização do mundo. Ele seria o Demiurgo – um ser que copiaria o mundo perfeito das ideias na matéria imperfeita. Antes de o mundo existir, havia ideias perfeitas
e eternas que foram copiadas na matéria pelo Demiurgo. Embora as cópias não
sejam perfeitas, a ação do Demiurgo permitiu tornar o mundo inteligível, por
ter ordenado o mundo sensível favorecendo nossa compreensão sobre ele. Para
Aristóteles, Deus seria o primeiro
motor, isto é, todas as coisas que se movimentam são movimentadas por
outras coisas. As pessoas, os ventos, os mares, as nuvens, as árvores, cada ser
no mundo passa do ato à potência, que é o movimento. Mas quem “daria o primeiro
empurrão”, quem seria o primeiro
motor? No livro Metafísica,
a resposta apresentada por ele é Theós – que, em grego, significa Deus.
Então, Deus existe porque alguém tinha de começar o movimento sem ser movimentado:
um ato puro. Para Plotino, o mundo é parte de Deus. Deus é, assim, a fonte de tudo o que existe; Mas as
coisas que emanam dessa fonte não se separam dela. Não existe a ideia de que os
seres criados possam ser separados do criador, como no cristianismo. Assim como
os objetos precisam da luz para aparecer, os seres precisam do Uno, ou Deus,
para permanecer existindo; eles estão ligados, unidos, e tudo é parte de Deus.
Por isso, quanto mais longe da fonte da luz estiver uma coisa, mais ela será
sombria. Da mesma forma, quanto mais longe da fonte da existência, Deus, menor
é a força de sua existência. Por isso, o Uno emana, primeiro, a inteligência; depois,
a alma que governa o mundo e, enfim, o próprio mundo material. Cada ser no
mundo é um pedaço de Deus, mas Deus é superior a todas as suas pequenas partes.
O que está mais longe de Deus é o mundo material, e o que está mais perto de
Deus é a inteligência e a alma. Para a filosofia cristã, a ideia de que o mundo
e suas partes emanam de Deus não pode ser fundamentada, porque Deus é puro,
homogêneo e não pode ser dividido. Então, quando Ele criou o mundo, o fez
separado Dele. Uma ideia bastante difundida nas Igrejas cristãs de diversas
denominações – criada pela filosofia cristã – é a de que o mundo não pode ter
sido gerado do nada: o mundo veio da criação de Deus, e não do nada; afinal, se
algo viesse do nada, ele deixaria de ser nada
para se tornar criador. Como sabemos, por dois motivos, muito se pode falar
sobre o conceito de Deus na história da Filosofia. Primeiro, porque esse conceito
foi um dos primeiros problemas filosóficos e, segundo, porque muitos sistemas filosóficos
dependem desse conceito para saber sobre desenvolvimento. De qualquer forma, as
ideias anteriormente esboçadas podem ser consideradas matrizes do problema
filosófico de Deus. Deus não pode ser
provado pela razão Existem algumas provas racionais da existência de Deus. Vejamos, sucintamente, as principais:
1. Todos os povos têm
religião; a existência de uma divindade é um consenso universal (consensus gentis).
2. O mundo tem uma ordem
e deve haver uma inteligência
ordenadora de todas as coisas (São Thomas).
3. Tudo tem uma causa.
Tudo que foi causado pode causar outras coisas. Deve haver algo que causa as
coisas, mas não foi causado por ninguém. Deus é a causa nãocausada (Aristóteles).
4. Todas as coisas estão
em movimento e movimentam outras coisas. O movimento é a passagem do que é
(ato) para aquilo que pode vir a ser (potência). Deve haver um ser que
movimenta as outras coisas, mas não é movimentado por nada, o primeiro motor –
ou o motor imóvel (Aristóteles).
5. Tudo o que é alguma
coisa participa de outra melhor. Por exemplo, algo quente participa do fogo.
Cada ser tem um grau de perfeição, como o fogo e o objeto quente. O limite máximo
da perfeição é Deus; acima Dele não há nada melhor (São Thomás).
6. Prova de São Thomás
de Aquino — Cada ser precisa de algum outro para existir; este ser é chamado de
ser possível. Por exemplo, para
existir, uma criança precisa de um pai e de uma mãe. O pai e a mãe precisam de
outros seres; estes, de outros, e assim por diante. Todas as coisas do mundo
precisam de outro ser para existir. Mas há um ser que não precisa de ninguém
para existir; a ele nós chamamos de ser
necessário. Se todos os seres do mundo precisam de outro para existir,
deve haver, portanto, um ser que dê a existência ao mundo e ao mesmo tempo não
precise de nada para existir; esse ser necessário é Deus.
7. Prova de Santo
Anselmo — Aquilo que nós não conseguimos pensar nada de maior não pode estar
apenas no intelecto. Afinal, o intelecto não ultrapassa essa ideia nem a
contém. Então, se o intelecto não ultrapassa essa ideia, quer dizer que ela
também está fora dele, na realidade. Como um copo que transborda com a água, há
água dentro e fora do copo. Deus é o ser que nós não conseguimos pensar nada
maior. Por isso, ele não pode ser apenas uma ideia; ele é uma realidade. Para o
filósofo Immanuel Kant, cada uma dessas provas é uma prova lógica, apenas
racional. Mas nem sempre o que dá certo nas teorias lógicas acontece ou se
repete no mundo real: a realidade não é devedora das nossas lógicas.
Nós somos seres que pensamos apenas
por meio de categorias limitadas, como tempo e espaço.
Qualquer ser real, fora das nossas
categorias, não pode ser conhecido, nem podemos provar a sua existência. Só
podemos confirmar a existência de alguma coisa fazendo a experiência dela; do
contrário, ela é uma suposição lógica, uma hipótese. Para Kant a prova de Santo
Anselmo (item 7) incorre nesse erro. Do mesmo modo, a experiência objetiva nos
diz que a prova da causalidade (3a) não é uma prova da existência de Deus. Nós
sabemos que alguns efeitos têm determinadas causas.
De outros efeitos, não sabemos as
causas. Por hipótese, é possível que haja uma causa inicial, mas, por não
podermos repetir a experiência inicial, a prova perde seu valor. Novamente, o
que é certo na lógica nem sempre é certo na realidade.
Kant disse o mesmo da prova da ordem
do mundo. Se pensarmos que o mundo tem uma ordem, podemos certamente supor que
haja alguém que tenha ordenado todas as coisas. Por exemplo, se olhamos uma
casa bem feita, suporíamos que ali trabalhou alguém. Mas não sabemos quem foi
esse alguém. Foi um arquiteto? Um engenheiro? Um pedreiro? Uma mulher? Um
homem? Um jovem? Várias pessoas? Ou seja, sabemos que existe o mundo e que
existe até mesmo certa ordem, mas quem é o responsável não podemos provar. Para
Kant, a razão humana é limitada em diversos aspectos, reduzindo as
possibilidades do nosso conhecimento. Mais ainda, ao procurar suas respostas,
Kant não se contentava com jogos de palavras – não basta parecer que se prova,
é preciso provar de verdade. Em sua obra A crítica da razão pura, Kant fez
a crítica da razão sem as experiências e as provas da existência de Deus. Em
outro livro, A crítica da razão prática, o filósofo procurou entender
como funciona a racionalidade objetiva, isto é, envolvida com as experiências
e, assim, com a vontade. Então, seria
justamente na vontade livre do homem que Kant encontraria a certeza da
existência de Deus. A razão prática se dá na ação do homem no mundo. Essa ação
acontece pela condição única de ter uma consciência moral. Essa consciência moral
está necessariamente ligada aos objetivos do homem – o que se deseja fazer, a
vontade. Se tivermos objetivos, o caminho para eles é a razão deles, o seu
dever. Sobre isso, Kant nos lembra que o dever só é bom porque ele é garantido
pela liberdade; do contrário, não teria valor. Se a razão prática compreende os
objetivos ideais, então não há diferença entre o ideal e o real; afinal, o dever
é real e bom. Ser e dever ser encontram sua síntese: Deus. Deus é o sumo bem. Deus
existe porque é nosso dever procurar o bem.
VOLTAIRE: ATEU, TEÍSTA, AGNÓSTICO, DEÍSTA OU PANTEÍSTA?
Voltaire (1694 - 1778) é considerado um dos maiores defensores da liberdade civil e religiosa de todos os tempos. Iluminista consagrado, foi referencial para grandes nomes que se envolveram com a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos. Em matéria de religião, o filósofo não deixou de revelar seu ponto de vista e, embora não tendo sido ateu, nem católico, pediu que lhe fosse dada a extrema unção. Pedido não aceito, acabou assinando uma última declaração, que será publicada no fim desta postagem. Em carta a Diderot, escreveu: "Confesso que não sou, em absoluto, da mesma opinião que Saunderson, que nega um Deus porque nasceu cego. Talvez eu esteja errado, mas no lugar dele eu reconheceria uma grande Inteligência que me deu tantos substitutos da visão; e percebendo, ao meditar, as maravilhosas relações entre todas as coisas, eu deveria ter desconfiado que existe um artífice infinitamente capaz. Se é muito presunçoso adivinhar o que Ele é e por que Ele fez tudo o que existe, parece-me também muito presunçoso negar que Ele existe." Voltaire não acreditva em milagres. Falando sobre um caso em que uma dona de um pardal havia rezado nove ave-marias em favor de seu referido passarinho (que acabou sobrevivendo), o filósofo retrucou: "Eu acredito numa Providência geral, cara irmã, que estabeleceu desde a eternidade a lei que governa todas as coisas, como a luz do sol, mas não creio que uma Providência particular altere a economia do mundo por causa do vosso pardal". Voltaire era deísta, embora vez por outra dava indícios de crer no panteísmo de Spinoza. Não foi ateu; pelo contrário, o achava antilógico. No final de sua vida achou que seria um bem para a Humanidade o homem acreditar piamente na existência de Deus. "Eu quero que meu advogado, meu alfaiate e minha mulher acreditem em Deus; assim, imagino, serei menos roubado, menos enganado", dizia Voltaire. E prosseguiu: "Quando essa crença evita até mesmo dez assassinatos, dez calúnias, afirmo que o mundo inteiro deve aderir a ela". Pelo menos em um ponto Voltaire e Platão comungavam da mesma ideia: "Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo". O filósofo iluminista era prático: se o fato de se acreditar em Deus traz algum benefício, que o mundo todo creia em Deus. Voltaire falava da essência da mensagem cristã, embora soubesse que, na prática, a Igreja não se revelava como ensinava a primitiva doutrina apostólica. Em 1755, Lisboa fora sacudida por um terremoto, exatamente quando a Igreja comemorava o Dia de Todos os Santos, o que fez com que milhares de mortes ocorressem dentro dos templos. O clero francês se pronunciou dizendo que tal fato ocorrera por causa do pecado do povo. Voltaire se revoltou e escreveu: "Ou Deus pode evitar o mal, mas não quer; ou quer evitá-lo, mas não consegue". Próximo de sua morte, o filósofo desejou visitar pela última vez Paris. Em seu último leito, recebeu visitas ilustres, como Benjamin Franklin, que levou um de seus netos para que Voltaire o abençoasse. Depois que colocou as mãos sobre o menino, afirmou: "Dedique-se a Deus e à liberdade". Ainda em seu último leito, um padre se dirigiu a ele a fim de lhe dar a extrema unção. Voltaire rejeitou e fez a seguinte indagação: "Quem vos mandou aqui, senhor padre?" Este respondeu: "O próprio Deus". Em seguida, Voltaire retrucou: "Pois onde estão as vossas credenciais?" Com este diálogo, o filósofo afirmou que não acreditava que os padres eram mensageiros de Deus aos homens. Não se sabe se por arrependimento ou se pelo fato de Voltaire ter sido um homem de forte personalidade, ele pediu que outro padre se fizesse presente para que ouvisse sua última confissão. O novo padre disse que só o faria se Voltaire assinasse uma profissão de plena fé na doutrina católica. Voltaire se rebelou e dispensou o padre. Em vez da confissão de fé na Igreja, terminou assinando uma declaração que diz: "Morro adorando a Deus, amando meus amigos, sem odiar meus inimigos e detestando a superstição. (Assinado) Voltaire, 20 de fevereiro de 1778". Ele morreu no dia 30 de maio do mesmo ano.
INTRODUÇÃO
À FILOSOFIA DA CULTURA – MITO E CULTURA
O Banquete, também conhecido comoSimpósio (emgrego antigo: Συμπόσιον,transl.Sympósion) é umdiálogo platônicoescrito
por volta de380 a.C.. Constitui-se basicamente de uma série de
discursos sobre a natureza e as qualidades do amor (eros). Hesíodo, poeta grego do século VIII a. C., escreveu
uma obra denominada Teogonia, na qual descreve em poemas a origem dos
deuses gregos. Para ele, o deus do amor, Eros, era filho do primeiro deus
manifesto no mundo: deus Caos. No poema de Hesíodo, Eros é o deus de extrema
beleza e capaz de organizar o mundo, fazendo com que os seres saiam do caos e
construam o cosmo. Em grego antigo, caos significa o início sem ordem e cosmo é
o mundo organizado. Eros é o deus capaz de unir os seres e de organizar o
mundo. Porém, na própria Antiguidade grega, há uma outra interpretação para a
origem e o papel deste deus. Posterior à obra de Hesíodo, outro modo de interpretar
o amor está registrado no diálogo O banquete, de Platão, segundo o qual
o amor emana de um deus cujos pais são Poros (deus identificado como Recurso, por
sua capacidade de encontrar recursos materiais) e Penia (deusa identificada
como Pobreza). No dia do nascimento de Afrodite, deusa da beleza, Poros e Penia
se encontraram e conceberam Eros, deus que vive com necessidade do outro, com
necessidade de superar sua condição de um ser que nada tem e ao mesmo tempo um
deus inteligente, inventivo, que por ser concebido no dia do nascimento de
Afrodite, era belo, capaz de conquistar e de unir-se aos outros seres. A
associação de Eros à deusa Afrodite foi interpretada por poetas posteriores a
Hesíodo como uma relação de mãe e filho. Há uma tradição bastante divulgada
sobre a mitologia grega que apresenta Eros como filho de
Hermes e Afrodite.
Cultura versus
natureza - Quando
falamos a palavra “cultura”, podemos pensar
em duas possibilidades. Uma na qual
essa palavra é entendida como acúmulo de
conhecimentos e outra na qual a palavra
“cultura” é entendida como ação dos homens sobre a natureza por meio do trabalho. O conceito de cultura é derivado da natureza, em especial do ato de cultivar uma
lavoura. Por isso, a cultura tem
seu início absolutamente material,
passando, mais tarde, a ser entendida como
atividade do espírito,
principalmente como atividade
dos homens urbanos, não mais do
meio rural. O indivíduo culto não é mais o lavrador, e sim o estudioso da
cidade. Nessa concepção mais tradicional de cultura, ela aparece como relação
do homem com a natureza – a cultura pertence ao mundo dos homens e é a sua forma
de vencer os descaminhos e os sofrimentos causados pela natureza; a cultura
está no mundo do espírito humano e deve, por seu turno, colonizar quem está
próximo à natureza e distante do mundo intelectual.
Cultura e
Estado - Com
certeza, não é partindo do nada que imaginamos o que queremos ser ou nos
tornar. Por isso, precisamos da ajuda ou do exemplo dos outros. Por exemplo, se
alguém quiser ser ator, necessitará de apoio para isso, desde o financeiro até
o incentivo para o exercício da arte de representar. Ora, o Estado brasileiro
tem o dever de ajudar as pessoas a se formar como cidadãos, como repetimos
exaustivamente. No entanto, a mera repetição dessa ideia produz resultados infinitamente
pequenos. É preciso considerar outros campos de atuação estatal que incluem, por
exemplo, a regulamentação dos meios de comunicação, as políticas educacionais e
os incentivos artísticos e culturais. Nessa concepção, a cultura é o que está
entre a maquinaria do Estado e a sociedade civil, criando tensões e, ao mesmo
tempo, produzindo unidades entre um e outro. Do ponto de vista do Estado, a
cultura deve ser civilizadora, isto é, deve fazer com que as pessoas se tornem
mais sociáveis. Portanto, podemos
concluir que relativismo cultural, corresponde ao olhar os outros sabendo que
nosso juízo está submetido aos nossos valores. Segundo Cassirer, o homem é um
ser simbólico porque: compreende o mundo e os outros, por meio de símbolos,
ritos, gestos, mitos e religião.
MITO E CULTURA
Poetas e filósofos da Grécia Antiga,
no período que abarca os séculos VIII, VII e VI a.C., registraram diferentes
interpretações para compreender o amor e sua importância para os seres humanos.
Hesíodo, poeta grego do século VIII a. C., escreveu uma obra denominada Teogonia,
na qual descreve em poemas a origem dos deuses gregos. Para ele, o deus do
amor, Eros, era filho do primeiro deus manifesto no mundo: deus Caos. No poema
de Hesíodo, Eros é o deus de extrema beleza e capaz de organizar o mundo, fazendo
com que os seres saiam do caos e construam o cosmo. Em grego antigo, caos significa
o início sem ordem e cosmo é o mundo organizado. Eros é o deus capaz de unir os
seres e de organizar o mundo. Porém, na própria Antiguidade grega, há uma outra
interpretação para a origem e o papel deste deus. Posterior à obra de Hesíodo, outro
modo de interpretar o amor está registrado no diálogo O banquete, de
Platão, segundo o qual o amor emana de um deus cujos pais são Poros (deus
identificado como Recurso, por sua capacidade de encontrar recursos materiais)
e Penia (deusa identificada como Pobreza). No dia do nascimento de Afrodite, deusa
da beleza, Poros e Penia se encontraram e conceberam Eros, deus que vive com necessidade
do outro, com necessidade de superar sua condição de um ser que nada tem e ao
mesmo tempo um deus inteligente, inventivo, que por ser concebido no dia do
nascimento de Afrodite, era belo, capaz de conquistar e de unir-se aos outros
seres. A associação de Eros à deusa Afrodite foi interpretada por poetas posteriores
a Hesíodo como uma relação de mãe e filho. Há uma tradição bastante divulgada
sobre a mitologia grega que apresenta Eros como filho de Hermes e Afrodite.
Cultura
versus natureza - Quando
falamos a palavra “cultura”, podemos pensar
em duas possibilidades. Uma na qual
essa palavra é entendida como acúmulo de
conhecimentos e outra na qual a palavra
“cultura” é entendida como ação dos homens sobre a natureza por meio do trabalho. O conceito de cultura é derivado da natureza, em especial do ato de cultivar uma
lavoura. Por isso, a cultura tem
seu início absolutamente material,
passando, mais tarde, a ser entendida como
atividade do espírito,
principalmente como atividade
dos homens urbanos, não mais do
meio rural. O indivíduo culto
não é mais o lavrador, e sim o
estudioso da cidade. Nessa concepção mais
tradicional de cultura, ela aparece como
relação do homem com a natureza – a cultura pertence ao mundo dos homens e é a sua forma de vencer os descaminhos e os sofrimentos causados pela natureza; a cultura
está no mundo do espírito humano
e deve, por seu turno, colonizar
quem está próximo à natureza e
distante do mundo intelectual.
Liberdade
e determinismo - Se retomarmos a
questão posta à lousa, temos aqui
uma importante reflexão. Quem nos governa,
a natureza ou nossas ideias? Nosso corpo
ou nosso pensamento? Dessa maneira, a
cultura pode significar o uso da liberdade, enquanto a natureza pode significar o determinismo biológico. Ao imaginar, sonhar, planejar, escrever, trabalhar, conduzir, governar, rezar ou se divertir, o homem exerce sua liberdade,
enfrenta os sofrimentos causados
pela natureza, prevê condições
de alívio e consola-se diante do inevitável ou das suas derrotas. O homem percebe seu lugar de origem, sua identidade e, ao mesmo tempo, compreende que pode mudar e ter suas raízes autotransportadas. A natureza estaria apenas posta diante dos homens, exigindo deles
não mais que uma vida animal, submetendo-os aos destinos dos que não pensam antes de agir, dos que
não imaginam nem planejam uma
vida mais significativa. A
natureza impõe o corpo, a fome, o impulso
sexual, a necessidade de saciar a sede,
a doença, o cansaço, o calor e o frio. Com a natureza, o destino do homem está traçado. Um destino nada significativo, assim como a vida e a morte de qualquer animal.
A
cultura em transição com a natureza - Um dos atos culturais
por excelência é a arte. Seria
possível imaginá-la sem a natureza? Como
pensar um quadro paisagístico sem a paisagem
e sem o material como a tela e a tinta que
se originam na natureza? Uma música sem
paixão? Um marceneiro sem a madeira? Um escultor sem a pedra ou o metal? Segundo essa
concepção, natureza e cultura estão em
acordo recíproco. Por isso, o homem não é fruto determinado de seu
ambiente; ele é livre, mas é intimamente influenciado pela natureza. Voltando
ao exemplo da arte, por mais livre que seja um pintor, ele estará, ao mesmo
tempo, limitado e inspirado por seus instrumentos – o tipo de pelo animal de seu
pincel, o tipo de pigmento de sua tinta, a paisagem, o objeto ou o corpo que quer
representar. Limitado, porque talvez não consiga colocar na tela seus
sentimentos mais profundos; inspirado, porque sabe que pode fazer algo cada vez
mais belo, com base naquilo que a natureza lhe oferece, porque domina sua técnica,
avança em seus limites, diz o que ainda não foi dito, ou reproduz o já expresso
de seu próprio modo. Assim, convém relativizar
a ideia naturalista, que afirma ser a cultura uma expressão da natureza e sua
determinação, o que devemos fazer também com o idealismo, pois as ideias estão
associadas diretamente ao ambiente das pessoas. O fazer e o natural estão,
portanto, indissociavelmente ligados.
A
cultura é uma construção de si mesmo - Quando pensamos que a
cultura constrói cada um de nós,
o nosso eu, podemos supor uma
divisão em nós: o eu inferior e o eu superior. Nessa relação, a natureza estaria no euinferior, como desejo e
paixão, e a cultura estaria no eu
superior, como vontade e razão. Desse
modo, a natureza não estaria apenas em
nosso corpo ou em nosso entorno. Ela
está no mais íntimo de cada um de nós. Mesmo
assim, a natureza não seria capaz de
nos saciar, porque não poderíamos
viver apenas de desejos e porque, se isso fosse possível, não precisaríamos de
cultura. A cultura é uma necessidade física e subjetiva de cada um de nós. Por
essa ideia de cultura, podemos entender que somos capazes de nos inventar, já que
estamos sempre nos fazendo. Assim, por exemplo, uma pessoa culta é aquela
pessoa que inventou um ser para si. Por exemplo, se alguém quiser ser roqueiro,
o que deve fazer? No mínimo, deve aprender a escutar rock, conversar com
quem entende do assunto, ler sobre ele, aprender a tocar algum instrumento. O
indivíduo não nasceu roqueiro; ele se inventou, criou uma forma pessoal de ser.
Do mesmo modo, qualquer um de nós pode se inventar. Caso não nos inventemos,
estaremos determinados pelo mundo que nos rodeia. Podemos ser pessoas pacientes,
agradáveis, chatas; enfim, tudo é questão de escolha e atividade cultural. Mas nem
sempre se inventar é fácil. Somos uma espécie de planta que precisa ser
cultivada por nós mesmos.
Cultura
e Estado - Para discutir a relação entre cultura e Estado, apresente aos alunos,
inicialmente, um conceito
sucinto de Estado. Em seguida, pergunte-lhes:
Além de nós e das influênciasque
recebemos de outras pessoas, quem podenos ajudar a nos inventar? Com certeza, não é partindo do nada que imaginamos o
que queremos ser ou nos tornar. Por isso, precisamos da ajuda ou do exemplo dos outros. Por exemplo, se alguém quiser ser ator, necessitará de apoio para isso, desde o
financeiro até o incentivo para
o exercício da arte de representar. Ora, o Estado brasileiro tem o dever
de ajudar as pessoas a se formar
como cidadãos, como repetimos
exaustivamente. No entanto, a
mera repetição dessa ideia produz resultados infinitamente pequenos. É preciso considerar outros campos de atuação estatal que incluem, por exemplo, a
regulamentação dos meios de
comunicação, as políticas educacionais e
os incentivos artísticos e culturais. Nessa
concepção, a cultura é o que está entre
a maquinaria do Estado e a sociedade civil, criando tensões e, ao mesmo tempo, produzindo unidades entre um e outro. Do ponto de vista do Estado, a cultura deve
ser civilizadora, isto é, deve
fazer com que as pessoas se tornem
mais sociáveis.
Conceito
de cultura - Em geral, podemos dizer que a cultura é a ação dos homens com ou sobre a
natureza, por meio da objetivação
da consciência (Hegel), pelo
trabalho em sociedade (Marx), pela
instituição de símbolos (Cassirer), por uma lei simbólica (Lévi-Strauss), por meio do contrato social (Rousseau),
por meio da educação (Cícero). Em síntese,
essa ação produz técnicas,
valores, conhecimentos, ideias,
religiões, artes e tudo o que circunscreve o mundo humano.
INTRODUÇÃO
À FILOSOFIA DA ARTE – NIETZSCHE
Friedrich Nietzsche
(1844-1900) foi um filósofo e escritor alemão de grande influência no Ocidente.
Sua obra mais conhecida é “Assim Falava
Zaratustra” ( O pensador estendeu sua influência para além da filosofia,
penetrando na literatura, poesia e todos os âmbitos das belas artes. Para Nietzsche, os gregos perceberam
que há duas forças diferentes na arte e na vida. Uma ele chamou de apolíneo e a
outra de dionisíaco. Da mesma maneira que uma criança que para chegar ao mundo
necessita dos dois sexos, a arte necessita dessas duas forças. Elas nem sempre
estão unidas, lutam uma com a outra, porque são muito diferentes. No entanto,
ao observar essa luta e os momentos de reconciliação, pode-se retirar profundos
ensinamentos sobre a vida.
A luta do dionisíaco e do apolíneo nos revela a
própria vida humana, que apresenta sonho, paixão, transformações, festa,
prazeres do corpo e do espírito, situações sombrias, necessidade de ordem,
lutas. Apolo é o deus das imagens e das artes plásticas, o impulso do visual.
Dionísio é o deus da música, do que é visual e corpóreo, como a dança. Os
gregos conseguiram reunir essas duas forças na tragédia grega. Algumas
características do apolíneo e do dionisíaco: Apolíneo: Sonho (homem adormece); Aparência (o homem copia as
formas); Filosofia (na razão que faz pensar); Luz (nada pode ser oculto); Ordem
(tudo deve ser harmônico); Do individual (se entende como único). E Dionísiaco:
Embriaguez (do vinho e dos prazeres – a loucura); Da dança (sentir a natureza
do corpo); Selvagem (viver com a força das paixões); Da mutação (não precisar
sempre ser o mesmo, o devir); Violência (como na natureza); Do coletivo
(esquecer de si em meio a algo maior, como na alegria da festa, ou da
natureza).
Diferentemente da maioria dos
intelectuais de seu tempo, Nietzsche procurou não olhar a arte apenas como
serenidade, como era vista pela cultura romântica da sua época, mas como impulso,
pulsão e instinto. Para ele, a arte que procura a serenidade é algo
absolutamente superficial, assim como “a arte pela arte” era apenas “um verme
que se morde o rabo”. Para pensar a arte, Nietzsche recorreu à mitologia da religião
grega antiga, em especial aos deuses Dionísio (o deus do vinho e do prazer) e Apolo
(o deus da perfeição, da cura e do Sol). Para Nietzsche, Apolo representava o
desejo de descansar dos problemas da vida, como no sonho, mas, ao fazer arte, o
homem encontraria uma reparação dos infortúnios da vida. Dessa maneira, por
meio da criação de imagens, o homem enfrentaria a sua finitude, a sua solidão e
a força destruidora da natureza presente em cada um. A arte seria, assim, um
consolo para o sofrimento da existência. Desse modo, cada um dos deuses gregos representava
algo de profundamente humano. Dionísio, por sua vez, representava o outro lado
da arte, a embriaguez como o esvaziamento do eu. Por ele, esqueceríamos de nós
e nos uniríamos à natureza, produzindo prazer e terror. A subjetividade
acabaria anulada no profundo contato com a exterioridade da arte. Portanto, há
na cultura grega as duas dimensões, a saber: a dimensão apolínea da
continuidade, da construção e do otimismo; e a dimensão dionisíaca, do retorno
à natureza, da ruptura e do pessimismo. Unidos, esses dois elementos produziram
a tragédia grega, com as imagens provenientes de Apolo, e a música, proveniente
de Dionísio.
Objetivos das Situações de Aprendizagens 6, 7, e 8 de Filosofia – 1º ano.
S.A 6 -INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA RELIGIÃO –DEUS E A RAZÃO = O objetivo desta Situação de Aprendizagem é apresentar ao aluno o uso da racionalidade relacionada à existência de Deus. Seria possível conhecer Deus com base na razão? Como ela pode saber sobre Sua existência? Há limites?
Conteúdos e temas: Deus; provas da existência de Deus; Kant; Voltaire; tolerância.
Competências e habilidades: desenvolver noções sobre os limites da racionalidade e, ao mesmo tempo, abrir espaço para o diálogo com base nas questões de alteridade.
S.A. 7 -INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CULTURA – MITO E CULTURA = Considerando a importância da compreensão do homem em sua dimensão simbólica, objetiva-se, com esta Situação de Aprendizagem, a problematização dos aspectos simbólicos e filosóficos da cultura.
Conteúdos e temas: mito; cultura; alteridade; etnocentrismo e relativismo cultural.
Competências e habilidades: as competências aqui consideradas dizem respeito à reflexão e à práxis da alteridade. Ao compreender o aspecto simbólico do homem, o aluno terá a oportunidade de reforçar seus compromissos de cidadania e respeito à diferença.
S.A. 8 -INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA ARTE – NIETZSCHE = A Filosofia da Arte é fundamental para o desenvolvimento integral e existencial do educando. Por isso, você poderá discutir, com base em Nietzsche, a formação do pensamento estético e relacioná-lo com a Mitologia e a cultura.
Conteúdos e temas: Nietzsche; arte; dionisíaco; apolíneo.
Competências e habilidades: ao final desta Situação de Aprendizagem, o aluno deverá ser capaz de perceber a condição estética e existencial do homem. Desse modo, desenvolverá a escrita, relacionando-a ao sentido do belo e à compreensão da vida e da cultura, em sentido amplo.
TRABALHO DE FILOSOFIA
1) Redija um texto dissertativo-argumentativo, abordando e relacionando a ideia central da Situação de Aprendizagem 6, com a ideia central sobre a visão de Voltaire em relação à Deus:
2) Refletir
e registrar sobre a importância do conceito de alteridade para a análise de
diferentes culturas:
3) Relacionar
e registrar práticas de cidadania ao respeito às diferenças:
4)Discutir
e registrar a condição estética e existencial dos seres humanos:
5)Questionar
e registrar o conceito de etnocentrismo no contexto da reflexão sobre relações
entre diferentes culturas:
6)Discutir
e registrar a relação entre cultura e natureza:
A Eletiva apoiará o cumprimento dos componentes curriculares da Base Nacional Comum e serão suporte para que não se produzam novas defasagens na aprendizagem dos alunos. Essas aulas se articulam com as áreas de conhecimento, e também está diretamente relacionada à excelência acadêmica, pois favorece a construção do conhecimento pelo aluno, estimulando o desenvolvimento do Protagonismo Juvenil e dos Quatro Pilares da Educação (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser), visando subsidiá-los para a construção do projeto de vida.
1) Apesar de conseguir a Independência, a situação social no Brasil não se alterou. D. Pedro I continuava governando para os grandes proprietários de terras, traficantes de escravos e comerciantes. A escravidão não foi abolida e o poder continuou centralizado na pessoa do Imperador, excluindo a imensa maioria da população da participação política. Trace um paralelo sobre o assunto abordado, com a situação social, econômica e principalmente política atual do Brasil: